Há uma idéia matriz neste romance
e em torno dessa idéia é que vai gravitar toda a sua ação: a da desigualdade
social da mulher.
João Jacques é o marido de Noemi
e ambos tem um filho, o Guri. Jacques não é borracho, nem libertino e nem
portanto espanca a mulher. É ótimo pai e um bom marido vivendo em paz com a
mulher. Mas a paz matrimonial é mais fecunda em paz do que em amor. Porém o
espírito era diferente, o espírito da mulher de João Jacques do espírito dele.
Com isso, Noemi conhece um homem,
o Roberto, que reflete um espírito como o dela, de idéias e gostos que se
completam. Simpatizam-se e atrás da simpatia veio o amor entre eles.
Noemi, no entanto, não detesta o
marido e vacila na separação. Ela sente, a mulher de João Jacques que não tem o
direito de sacrificar ao egoísmo do seu prazer a alegria e a paz do momento.
Portanto Noemi cometia o adultério se envolvendo escondida com Roberto.
Mulher de vontade própria, firme,
acostumada a lutar como um homem pela vida e não querendo fazer do adultério
uma traição, ela não sabe como ir a João Jacques e propor a separação, que
depois se tornaria inevitável.
João Jacques, então, foi embora e
Noemi passa a viver com Roberto e o filho. A sociedade a reprovava e até seu
chefe a demitiu.
Um dia, o Guri, o filho de Noemi
adoeceu e acabou morrendo por uma febre que lhe dava convulsões. Noemi ficou
desesperada. Chorou muito!
No final do romance todos foram
embora, um a um: João Jacques, o Guri, os seus amigos como Felipe e Angelita, e
o Roberto. Sim, o Roberto. Ele foi preso e levado para longe pois quis dar
proteção à Noemi que se encarregara de entregar o maço de boletins nos
quarteirões. (Relaciona-se a propagandas subservivas por fazerem parte de uma
organização trabalhista).
Roberto que foi junto com ela
para protegê-la, acabou sendo preso e levado embora, para o Sul ou para
uma ilha, não se tinha certeza. E Noemi
foi solta porque estava grávida de Roberto. Então acabou ficando sozinha.
Assim termina o livro, com Noemi pisando em falso em uma pedra solta e
subindo a ladeira, conversando com o filho no ventre:
- Mais devagar, companheiro!