História Real
Um menino indiano vivia em um bairro muito pobre em Ginestlay, um vilarejo na Índia junto com sua mãe Kamla e seus irmãos Guddu, Kallu e a irmãzinha Shekila.
Seus irmãos tinham que sair todos os dias para conseguirem alimentos para sobreviverem, enquanto a mãe tinha que trabalhar duro em uma obra para conseguir manter a casa sozinha já que seu marido a tinha abandonado juntamente com as crianças.
Um dia, aos 5 anos, o menino indiano saiu com seu irmão mais velho Guddu para “Berampur” para procurarem comida, mas ao descerem do trem que haviam pegado, Guddu pediu que o irmão o esperasse quietinho na plataforma enquanto ele fosse buscar algum alimento.
Porém o cansaço fizera com que o menino indiano pegasse no sono. Ao acordar o garotinho não via Guddu e a estação estava deserta. Então ele viu um trem parado e resolveu esperar o irmão ali dentro de um vagão isolado de pessoas onde lhe parecia mais seguro.
Dentro do trem o menino pegara no sono novamente e dormiu um tempo. Só depois quando acordou percebeu que o trem estava em movimento pelos trilhos. O garoto fez uma viagem muito longa pelo trem e só quando finalmente depois de chegar ao seu destino final em Calcutá (Posteriormente Kolkata) uma das cidades mais perigosas do mundo, o garoto conseguiu pular para a plataforma de embarque. Enfim ele estava livre depois de ter passado por momentos de terror e gritos sem que ninguém o escutasse dentro do trem.
Do lado de fora a multidão que passava não lhe dava a mínima atenção, até que o garoto resolveu pegar outro trem com a intenção de tentar encontrar o caminho de volta.
Mas como não encontrava ele continuou a entrar em outro e em outro trem na esperança de voltar para “Berampur” como ele pronunciava. Nisso fazia várias viagens de ida e volta.
Nas ruas de Calcutá o garoto passava fome em lugares nojentos e malcheirosos onde tinha visto até corpos mortos assassinados a luz do dia no meio dos entulhos. Nas ruas sofria perseguições e ainda assim conseguia fugir dos perigos passando por labirintos, vielas, ruas repletas de veículos, carroças puxadas por bois, vacas, etc... Nisso ficou sobrevivendo por algumas semanas.
Um dia diante de uma loja a espera de restos de comida apareceu um rapaz adolescente que começou a conversar com o garoto e ao saber da sua história o levou para sua casa por alguns dias e depois o levou para uma delegacia onde o garoto poderia ser ajudado. De lá o menino foi mandado para a Casa Liluah, uma casa para menores e posteriormente para um orfanato.
Aconteceu um dia que um casal australiano de sobrenome Brierley quis adotar o garoto indiano e então ele foi levado pela família dos Brierleys para Hobart que é a capital e maior cidade do estado australiano da Tasmânia. Assim o menino que dizia se chamar Saroo se tornou “Saroo Brierley”. Quando Saroo tinha 10 anos, os Brierleys adotaram mais uma criança da Índia, o garotinho de 9 anos, Mantosh.
Os anos se passaram, mas Saroo nunca havia esquecido suas origens. Sempre que podia ele ficava nos mapas procurando alguma pista, até que resolveu usar a ferramenta da internet Google Earth. Mas ainda assim não conseguia encontrar nada.
Com o passar de mais um tempo, Saroo sempre insistindo nisso, até obcecado com essa ideia de encontrar a sua família, passava horas na internet para ver se encontrava a sua cidade natal, até que depois de bastante tempo ele mesmo conseguiu visualizar através do Google Earth uma região que lhe veio à lembrança. E enfim, Saroo conseguiu encontrar a sua cidade na Índia. Descobriu que “Berampur” era na verdade “Burhanpur” e “Genestlay” era “Ganesh Talai”.
E assim, depois de meses a jornada para casa acontecia. Saroo muito apreensivo voltou à India e reencontrou a sua família. Sua mãe ainda morava no vilarejo. Foi uma aglomeração de gente que deu até mídia na televisão pelo caso do menino perdido.
Sua mãe ficara muito feliz ao reencontrá-lo e lhe contou que achava que ele tinha morrido naquele dia em que sumiu já que seu irmão Guddu que o tinha levado para a estação naquele dia sofrera um acidente de trem e tinha morrido de forma horrível aos 14 anos de idade. Saroo ficou bem triste com isso pois esperava encontrar o irmão em vida. Saroo agora tinha 30 anos, Kallu, seu irmão 33 e Shekila, a irmã, 27. Seus irmãos Kallu já estava casado e com filhos e sua irmã Shekila também casada e com filhos. Saroo ficou muito feliz por saber que já tinha até sobrinhos.
Saroo também descobriu com sua mãe que seu nome de batismo na verdade era “Sheru” e não Saroo como mencionava erradamente quando criança. Mas agora já era Saroo: Saroo Brierley!
E Saroo, enfim, teve uma maravilhosa experiência pessoal com o seu passado agora presente. A jornada para casa foi tão satisfeita por ele a ponto de que ao voltar para a Austrália, depois de um certo tempo ele retornou novamente à passeio para a Índia ao encontro de sua família.
Saroo também quis entender como foi sua viagem de trem aos 5 anos, com isso retornou ao trem fazendo a viagem para tentar rever as suas recordações. Também foi até Kolkata (Antiga Calcutá) visitar a Senhora Saroj Sood que nesse ano atual já estava com 80 anos. Ela trabalhava ainda na ISSA, a entidade que ajudava a fazer as adoções e foi responsável por ajudar Saroo a encontrar a família adotiva na Austrália. Depois visitara alguns locais e se lembrara de um mendigo que o salvou aos 5 anos por duas vezes quando ele tentou nadar no rio que quase o afogou. Lembrou também do adolescente que foi o primeiro a dar início ao processo de ajudar o menino a sair das ruas. Em silencio Saroo os agradeceu!
Finalmente, depois que Saroo reviu seu passado era hora de voltar para casa. E Saroo termina o livro com agradecimentos às suas duas famílias que ele teve a sorte de ter tido, mas como cidadão disse que tinha vivido quase toda a sua vida na Austrália e que não era mais indiano. Mas que de qualquer forma jamais iria romper a ligação com a sua família indiana.
Fim
Minhas emoções de leitora:
Em relação aos seus pais Brierleys: “Na primeira vez em que Saroo Brierley voltou à India, logo depois que estivera junto com a sua família de sangue ao retornar para o hotel, a primeira coisa que fez foi enviar essa mensagem abaixo aos seus pais da Austrália: “Minha mãe agradeceu a vocês, mamãe e papai, por terem me criado. Meu irmão, minha irmã e minha mãe compreendem que você e o papai são minha família, e não querem se intrometer de maneira nenhuma. Estão felizes simplesmente por saberem que estou vivo, e isso é tudo o que querem. Espero que vocês saibam que estão em primeiro lugar no meu coração e que isso nunca vai mudar. Amo vocês”!
Em relação à sua mãe de sangue: “Uma das coisas mais tocantes que minha mãe me disse foi que, se eu algum dia quisesse voltar e viver na Índia, ela construiria uma casa para mim, depois trabalharia duro para que eu fosse feliz. Claro, minha intenção era o oposto disso: eu queria dar uma casa a ela e dar tudo de mim para fazê-la feliz”.