Este é um romance que conta a história da fuga de Maria e José e o nascimento de Jesus.
José e Maria estavam prontos para a longa jornada, por vales e montanhas, em direção à terra farta de Belém, onde iam cumprir a lei de Augusto (foi publicado um decreto de César Augusto, convocando toda a população do império para recensear-se” (Lc 2.1).
Então José e Maria partiram para Belém - Casa do pão. “É ali que deve nascer o Anunciado” (pois Maria estava grávida de seu filho, Jesus). “Belém era a casa da abundância, celeiro do Senhor, Belém da fertilidade! De lá é que nos há de vir o Messias. O campo de Booz dará o trigo que há de fartar as almas”.
Maria e José saíram de Nazaré na Galiléia e partiram para Jerusalém, onde chegariam antes do pôr-do-sol: “Entraram em Jerusalém pela porta do mercado, à hora em que as buzinas romanas troavam nas torres”.
José procurava distrair Maria mostrando-lhe as grandes belezas dos lugares. A Virgem, porém, seguia calada, sem ânimo de levantar os olhos, com o coração cerrado em tristeza universal, pois a areia lhe escaldava os pés e o sol abrasava-lhe a cabeça.
“Quando passaram as muralhas, saindo do Campo do Oleiro, o sol brilhava nas pastagens úmidas e passarinhos cruzavam o vôo cantando na alegria do sol”.
“Lá está Belém! Disse José estendendo o cajado na direção dos montes ainda enfaixados em névoa”.
Porém Maria estava muito cansada com a viagem e só sentia vontade de se deitar e dormir um grande sono.
Enfim, muito exaustos, eles encontraram uma manjedoura com um jumento e algumas ovelhas. Ali um pastor cuidava e vendo-os cansados, deixou que Maria passasse a noite ali na caverna enquanto José, o patriarca procurasse uma hospedagem.
E Maria dormia serena sobre a palha.
Nesse momento nasce o filho de Deus, Jesus cristo. E logo após seu nascimento aparecera-lhe três virgens que ungiram o menino que acabara de nascer do ventre de Maria. E José e Maria ficaram se perguntando sobre essas virgens que desapareceram de repente como estrelas... seriam anjos?
“À primeira sucção da boca da criança Maria estremeceu, sentindo uma dor aguda, como se um punhal lhe houvesse atravessado o seio: “O Divino alimentava-se do sofrimento humano e naquelas opalinas góticas de leite – sangue e água fundidos em candura – o céu comungava na terra”.
De repente o menino rompeu num choro forte que repercutia no interior como se as pedras chorassem com ele, comovidas:
“Começava a divindade a visitar o sofrimento; a peregrinação de Deus através da agonia anunciava-se pelo primeiro choro. Ele havia de conhecer todas as dores, todas as angústias para poder julgá-las aliviando o homem, cuja redenção trazia”.
Maria dizia a José que sentia os anjos dizendo-lhe que o menino Jesus era Deus. E Maria já sentia todo o amor pela criança. Dizia ela:
“O meu desejo era não ter na boca outras palavras senão estas: “Meu filho!” São as que o coração me inspira, são as que me agradam ouvir”.
Depois vieram alguns visitantes: os três magos vindos de terras remotas. E esses três homens encontraram o pastor daquela região. E eles perguntaram ao pastor se ele sabia se por ali havia nascido um menino, o Rei dos Judeus. E o pastor lhes disse que sim, que havia nascido um menino filho de pobres, mas que os céus festejaram o seu natal. E o pastor mostrou-lhes onde era a caverna onde estava o menino.
Então os três magos se ajoelharam diante da criança, e ficaram em silêncio em veneração religiosa. Depois disso, o primeiro mago ofereceu de presente uma mirra (planta que simboliza purificação através de sofrimento - "Jesus nos purifica do pecado através da sua morte na cruz"), o segundo deu um escrínio cheio de ouro (o rei dos metais - "Jesus é o Rei dos Reis", homenagem à realeza), e o terceiro deu ao menino um incenso (usado pelos sacerdotes para elevar as orações a Deus - "Jesus é aquele que nos leva a Deus").
O livro termina com Maria ficando deslumbrada, contemplando e adorando o pequeno filho. E diante disso Maria era o puríssimo altar sobre o qual se mostrava o divino perdão.
Características:
• O livro é narrado em terceira pessoa.
• O livro mostra muito as características físicas da natureza em suas mais belas formas, detalhando-as de forma harmoniosa com a eloquência de palavras descrevidas.
• Aos três Reis Magos devemos a tradição de dar presentes no Natal.
• No ritual da antiguidade o ouro era o presente para um rei, o olíbano (incenso) para um religioso representando a espiritualidade e a mirra para um profeta (a mirra era usada para embalsamar corpos e, simbolicamente, representava a imortalidade).
• Gaspar ofereceu mirra; Melchior ofereceu ouro; Baltasar ofereceu incenso e estes presentes confirmam o caráter de Jesus (rei, sacerdote e profeta) como símbolo do reconhecimento que aquela criança pobre que acabara de nascer haveria de se tornar um grande líder mundial e o salvador do mundo.
• Melchior era rei da Pérsia; Gaspar, rei da Índia; e Baltazar, rei da Arábia.