A Pata da Gazela, considerada “A Cinderela da literatura
brasileira” narra em terceira pessoa, um romance vivido na alta roda carioca,
repetindo a velha fórmula do triângulo amoroso.
Ø
O romance “A Pata da Gazela” foi escrito baseado
no conto “A Cinderela”. O autor aproveita-se do enredo, no qual uma jovem, ao
entrar apressada dentro de uma carruagem, perde um par de seu sapato, que é
encontrado por um rapaz. Inquietado pelo calçado, ele sai à procura da dona do
objeto, não desistindo até encontrá-la. À partir daí, o romancista desenvolve
seu enredo, um texto irônico e crítico sobre a sociedade brasileira do século
XIX.
Ø
Em resumo, a história se passa na cidade do Rio
de Janeiro, em pleno século "burguês". Após o descuido de um lacaio
ao carregar um pacote, um dos sapatos que estava dentro do embrulho,
pertencentes a duas jovens (Amélia e Laura) que esperavam em um carro pelo
servo, caiu no chão. Horácio, um vistoso rapaz que andava por ali naquele
momento, percebeu a cena e apoderou-se do sapatinho que outrora caíra. Ao mesmo
tempo, outro rapaz, Leopoldo, foi atraído pela confusão causada pelas moças,
apressadas, e se deslumbrou com o vulto de uma "deusa", na verdade, o
de Amélia. Porém, não consegue identificar um rosto.
Ø
A partir desta situação, os dois apaixonados
iniciam uma busca pelas suas donzelas, contada comicamente, por José de
Alencar.
·
Horácio, homem elegante não só no traje como em
no trato pessoal, poderia ser considerado um dos príncipes da moda, um dos
leões da Rua do Ouvidor. Horácio é o
“leão”, rei dos salões, o homem preocupado com a própria elegância, volúvel
destroçador de corações femininos.
·
Cansado de suas aventuras amorosas, apaixona-se
e sai à procura de uma misteriosa mulher portadora de um minúsculo pezinho e
dona da delicada botina que encontrou na rua, deixada cair por um lacaio que
passara correndo por ele.
·
Leopoldo, pouco favorecido e respeitado de
beleza, simples no vestir, trajava luto pesado não só nas roupas negras como na
cor das faces e na mágoa que lhe escurecia a fonte, pela perda da irmã. Virgem
de amores femininos apaixona-se pela dona do sorriso que viu em uma carruagem.
·
Horário, conhecedor dos corações das mulheres,
acreditava que elas eram uma obra suprema. O amor não tinha novidades nem segredos
para ele. Sofria imaginando se algum sapateiro com suas mãos aleijadas tomavam
medidas de seu adorado pezinho.
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Assim corria espetáculos e bailes, tentando
descobrir por baixo da orla do vestido o ignoto deus de sua adoração.
·
Num teatro encontra-se Amélia com sua prima
Laura. Leopoldo decidido a conservar o luto, estava presente e pede informações
sobre as moças a Horácio, pois sua paixão continuava intensa e ardente.
·
Leopoldo
encontra as moças subindo na carruagem e apressa o passo. Fica imóvel, seus
olhos viram um aleijão, um pé disforme.
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Amélia após vários encontros com Horácio, na
casa de D. Clementina que gosta de reunir moças, formando pares para dançar,
foi pedida em casamento por Horácio. Amélia pede um prazo de 15 dias antes de
dar a resposta.
·
Leopoldo
soube da notícia com mágoa, mas sem se perturbar, amaria unicamente sua alma,
essa ninguém poderia roubar, porque Deus a teria feito para ele.
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Findo o prazo, Amélia tinha ares de quem
sucumbia ao compromisso contraído. Num baile escuta Horácio falando a Leopoldo
que não sentira antes a menor comoção ao ver Amélia. Mas quando soube que a ela
pertencia o tesouro, a botina, adorou-a.
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Horácio conta-lhe sua versão, o vulto confuso, o
defeito que ela tinha: um pé aleijado.
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Amélia sai do baile e convida Horácio para ir a
sua casa. O moço encontra-a bordando, e na conversa ela esconde as lágrimas.
Lançando um olhar para a moça, viu alguma coisa que o sobressaltou. A fimbria
do vestido suspensa descobria o pé da moça, o moço estremeceu: era o aleijão. A
moça foge da sala.
·
Sentindo a necessidade de sair da posição
difícil em que se achava, dirigiu-se à casa de Amélia, procurou manter um clima
de guerra, pois ficou sabendo que a moça encontrava-se com o Leopoldo na casa
de D. Clementina. O rompimento era infalível, compreendera que tudo acabara.
·
Horácio aproxima-se de Laura achando que o
misterioso pezinho lhe pertencia. Aproxima-se e freqüenta a casa da família e
lhe faz crer que se aproximou de Amélia para vê-la.
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Amélia vai às compras com sua mãe e encontra o
Leão, e disfarçadamente deixa à mostra pousados na calçada dois pezinhos
mimosos que palpitavam dentro de botinas de merinó de cor cinza. Horácio fica
pasmo.
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Amélia e Laura eram primas e amigas. Laura usava sempre roupas compridas,
disfarçando os pés disformes. Amélia tinha dois pezinhos de fada, os dedos
pareciam botões de rosa. E para
poupar a prima do constrangimento, Amélia encomendava os sapatos na rua onde
Horácio encontrou a botina perdida.
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Foi quando decidiu manter Horácio à prova,
colocando a botina monstruosa de sua prima. Excitou o horror em Horácio.
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Amélia aproxima-se de Leopoldo, convidando-o a
freqüentar a sua casa, e conta-lhe que escutou a sua conversa naquela noite do
baile.
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Horácio descobre seu engano e resolve
reconquistar Amélia. Encontra com Leopoldo, um cavalheiro mudado, boas maneiras
com sóbria elegância, e sabe que só o amor traz estas transformações.
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Não desiste, e indo a sua casa presencia o
enlace de Amélia e Leopoldo, que o fazem sem prévia antecipação.
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Leopoldo casa-se sem saber que a noiva não era
um aleijão e esta prepara-lhe uma surpresa, exibindo seus dois pezinhos
divinos, de onde apareciam as unhas rosadas.
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O romance ganha suspense, pois o narrador oculta
a identidade da dona da botina, retarda o final da história e complica seu
desenlace, pois a dona da botina e do sorriso é a mesma pessoa, Amélia, que
acabou por preferir Leopoldo, cujo amor é sincero e desinteressado.
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Termina o romance com Horácio falando: - O leão deixou que lhe cerceassem as
garras; foi esmagado pela pata da gazela.