O Diário de Anne Frank (Anne Frank)

Com muita personalidade, Anne era uma jovem descobrindo-se em plena adolescência. Muito estudiosa e apaixonada por livros, tinha como sonho tornar-se uma artista e escritora famosa. A família Frank era composta por quatro pessoas: Anne, seus pais, Otto Frank e Edith Frank, e a irmã, três anos mais velha, Margot Frank. 

Quando ela tinha quatro anos de idade, a família decidiu que deveria sair da Alemanha para fugir dos ataques de Adolf Hitler contra os judeus. O pai de Anne abriu uma empresa que fornecia frutos e ingredientes para a produção de geleias e, com isso, conseguiu estabilizar-se financeiramente. O próximo passo era trazer a família para Amsterdã, onde Anne e Margot teriam acesso a uma boa educação. 

Em 1940, a Holanda foi invadida pelos nazistas alemães comandados por Hitler, e a população judaica do país começou a ser perseguida. O regime nazista impôs restrições aos judeus, como toque de recolher ao entardecer e proibição de frequentar os mesmos locais que os demais cidadãos. Uma outra determinação feita pelo regime nazista foi obrigar os judeus a utilizarem uma Estrela de Davi amarela em suas vestimentas para que pudessem ser identificados. Anne também teve que usar uma. 

Em seu aniversário de 13 anos, Anne foi surpreendida pelo pai com um caderno para anotações. O objeto tinha capa vermelha, com alguns detalhes, e agradou muito à adolescente, que fez dele seu diário. A primeira escrita no diário foi datada em 14 de junho de 1942. Em suas primeiras páginas, ela conta sua rotina, fala sobre amizades, escola, família, a saudade da avó que faleceu durante o período, e narra também a invasão da Alemanha nos primeiros países. No dia 20 de junho daquele mesmo ano, Anne decidiu que o diário seria uma espécie de amiga e resolveu batizá-lo de Kitty. 

No início de julho, a garota começou a narrar o sentimento de medo que passou a sentir, ao lado de sua família, da situação de invasão dos alemães. Foi nessa época que ela relatou os planos da família para um esconderijo. Contando com a ajuda de amigos nos quais tinha muita confiança, a família saiu às pressas para o esconderijo montado em cima de um armazém que era a casa comercial do pai de Anne, localizada em uma rua junto a um dos canais de Amsterdã. 

O anexo secreto, como ficou conhecido o esconderijo, recebeu a família de Anne no dia 6 de julho de 1942. O espaço tinha três andares, e a entrada era feita por um escritório. No primeiro andar, havia dois quartos pequenos e um banheiro. Acima, havia uma sala grande com uma menor ao lado, na qual tinha uma escada que levava ao sótão. Para tentar garantir que o lugar não fosse descoberto, uma estante foi colocada na porta do esconderijo. 

Além da família de Anne, foram abrigados, dias depois, o casal Van Pels (Hermann e Auguste), com o filho Peter (personagem importante na história de Anne), e, alguns meses depois, Fritz Pfeffer, um dentista e amigo da família Frank, que dividiu quarto com Anne. Com a proximidade diária das famílias, Anne começou a passar mais tempo com o jovem Peter Van Pels, dois anos mais velho que ela. Ela narra em seu diário descobertas sentimentais em relação ao jovem, mas também destaca o medo de magoar a irmã Margot, pensando que ela também poderia estar interessada no rapaz. 

O período de isolamento durou cerca de dois anos sem que as famílias saíssem às ruas, para evitar serem descobertas. Os judeus capturados pelos alemães eram enviados imediatamente aos campos de concentração. Com a situação, as famílias tinham que regrar os mantimentos e, muitas vezes, faziam jejum, optando por qual refeição seria feita no dia. Os alimentos eram levados pelos amigos de Otto. Eles mantiveram o sigilo durante todo o período. 

No dia 4 de agosto de 1944, o anexo foi descoberto. Não se sabe ao certo se houve denúncias ou se a polícia alemã chegou ao local por coincidência. Nunca foi comprovada nenhuma das versões. Todos foram presos e levados para o maior campo de concentração da Holanda: Westerbork. Posteriormente, foram divididos para outras regiões. 

Edith Frank morreu no dia 5 de janeiro de 1945, em Auschwitz, na Polônia. Anne e a irmã Margot foram enviadas para Bergen-Belsen, na Alemanha, morreram provavelmente em março de 1945, com Tifo, e foram sepultadas como anônimas em valas comuns. Otto foi enviado a um hospital, em novembro de 1944, e permaneceu lá até janeiro de 1945, quando as tropas soviéticas venceram os nazistas e libertaram os judeus dos campos de concentração. 

A família Van Pels também foi morta pelos alemães entre 1944 e 1945. Peter foi levado com mais de 11 mil prisioneiros de Auschwitz a Mauthausen, na Áustria, onde morreu em maio de 1945. O dentista Fritz — chamado de Dussel no livro — morreu em 1944, na Alemanha.

O diário de Anne foi encontrado pela secretária Austríaca Miep Gies que trabalhou com eles e esse diário foi entregue por ela ao pai de Anne Frank, onde o mesmo mais tarde o publicou.