O seminarista (Bernardo Guimarães)


Capitão Antunes e sua mulher, fazendeiros em Minas, obrigam a ser padre o filho Eugênio, que tem um amor de infância, Margarida, filha de uma empregada. A certa altura, o rapaz tenta abandonar a carreira imposta. Os pais não consentem e de comum acordo com os sacerdotes do seminário inventam a notícia do casamento de Margarida. Eugênio então se ordena.
No dia que chega à vila natal, é chamado para atender a uma doente, que não é outra senão Margarida, que fora expulsa da fazenda com a mãe que acaba por lhe contar a verdade. O temperamento ardente da moça arrasta Eugênio ao "pecado”; ela morre e ele endoidece ao ver o cadáver na Igreja em que ia rezar a primeira missa.
O Seminarista narra o drama de Eugênio e Margarida que, na infância passada no sertão mineiro, estabelecem uma amizade que logo vira paixão. O pai de Eugênio, indiferente aos sentimentos do filho, obriga-o a ir para um seminário. Dilacerado entre o amor e a religiosidade, Eugênio segue para o mosteiro.
Embora todo o sofrimento da perda amorosa, o jovem dedica-se à vida espiritual (mesmo sempre triste) e acaba ordenando-se sacerdote. Volta então à aldeia natal para rezar a sua primeira missa. Lá encontra a sua antiga paixão, Margarida, que está à beira da morte. Os dois não resistem ao impulso afetivo e mantêm relações. Em seguida, a heroína morre. Eugênio, ao iniciar a missa, descobre um corpo que chega à igreja e que aquele era de Margarida e assim enlouquece de dor afetiva e moral. Joga sua roupa de padre no chão e sai correndo pela porta principal da igreja, desesperado, sem controle. Estava louco de raiva.
Apesar de sua dimensão melodramática, o romance apresenta uma das mais veementes críticas ao patriarcalismo, em toda a literatura do século XIX.