O Apanhador no Campo de Centeio (Jerome David Salinger)


O romance gira em torno da figura de um adolescente de 16 anos, Holden Caulfield, que além de ser o personagem principal, é também o narrador de sua própria história. A histórias inicia-se próximo ao Natal do ano anterior, quando ele estava saindo da terceira escola (colégio) que já havia estudado, o Pencey. Inicialmente, o livro fora escrito para adultos, mas tamanho foi a empatia do personagem como público adolescente, que passou a ser leitura obrigatória – e quase subversiva – entre os mais jovens. 

Holden que passa por problemas típicos de sua faixa etária – confusão, angústia, alienação e revolta -, acaba sendo visto como um grande anti-herói, que se transformou em um ícone entre 1960 e 1970. Holden vai passar um final de semana em Nova York, após receber seu boletim, com notas péssimas em todas as disciplinas. Além disso, ele descobre que será expulso do internato para rapazes onde estudava. 

Caulfield, que era filho oriundo de uma classe abastada, tenta adiar o confronto com a família, e sai andando pelas ruas da cidade. Durante seu trajeto, ele vai descrevendo a paisagem nova-iorquina, que passa a ser o ambiente ideal para as divagações de um adolescente. 

Holden se encontra totalmente desmotivado, desinteressado pela vida, além de se sentir entediado por todos os que estão à sua volta. Ele, em suas divagações, acaba rememorando alguns personagens de seu passado, como um antigo professor, uma antiga namorada, sua irmã menor, a quem devotava certo carinho. Mas, o que parece que irá resolver algumas de suas angústias, acaba intensificando-a, já que Holden se sente totalmente desamparado, rejeitado, ansioso e frustrado. Vale lembrar que Holden já tinha estava saindo de sua terceira escola. 

Durante as suas divagações, Holden acredita que a única solução para a sua existência é partir em direção ao oeste do país. Como ele gostava muito da irmã menor, ele resolve que deve se despedir dela. Compra então dois bilhetes para brincarem em um carrossel. Phoebe, a irmã de Holden, entra no brinquedo e, nesse momento começa a chover. Holden não se esconde da chuva e vê a cena como uma enorme beleza. 

Ela foi, mas não foi sozinha, levou sua mala consigo. Holden não aceitou de forma alguma que ela fugisse com ele e ficou extremamente irritado. Ela, por sua vez, ficou magoada com o irmão e não quis voltar para a escola a tarde. Ele, tencionando agradá-la, propôs que os dois fossem ao Jardim Zoológico. Ela aceitou. Eles foram ver os animais e, durante o passeio, eles avistaram um carrossel. Holden sabia que sua irmã adorava andar no carrossel e comprou um bilhete para ela brincar com os cavalinhos. 

Quando ela subiu no brinquedo, começou um dilúvio. Todos correram para debaixo da proteção do carrossel, menos ele que ficou apreciando sua irmã rodar e rodar no carrossel, quase chorando por estar diante de tamanha beleza.

... e a história termina do ponto onde ele começou a contar: hoje ele está em um sanatório fazendo tratamento psicanalítico.

Martini Seco (Fernando Sabino)


Martini Seco (Fernando Sabino) O texto é dividido em quatro partes, que delimitam as etapas da história e as transformações ocorridas. Vamos, a seguir, acompanhar cada uma dessas partes. 

Primeira parte: Esta parte se inicia com o relato do caso ocorrido em 17 de novembro de 1 957. Um homem e uma mulher entraram em um bar, sentaram-se e pediram dois martinis. Ela foi ao telefone e ele foi ao banheiro. Quando retomaram, a mulher [Carmem] tomou a bebida e caiu morta. Estabelecida a confusão, ninguém sabe como a polícia chegou. Chegou e, inicialmente, supôs tratar-se de suicídio. Entretanto logo surgiram as suspeitas de que se tratava de assassinato. O marido, Amadeu Miraglia, foi considerado como o principal suspeito. Preso, acabou confessando; mais tarde, em juízo, alegou que fora torturado para confessar e acabou absolvido da acusação. Cinco anos depois, Maria, 2º mulher de Amadeu Miraglia, vai à delegacia apresentar queixa, porque desconfia que ele quer inata -la e que usará veneno para que o caso termine como anterior. Amadeu é interrogado e nega tudo. Levanta a hipótese de que ela. Maria pretende matar-se e jogar a culpa nele. Acrescenta que já está acostumado com este tipo de injustiça, pois quando criança também foi acusado pelo pai, injustamente, pela morte de um passarinho. 

Segunda parte: Curiosamente, esta parte se inicia da mesma forma que a primeira, inclusive com a repetição das mesmas palavras. Para o leitor, fica parecendo que Miraglia e a mulher estão envolvidos num novo assassinato, mas na realidade o que se passa é a reconstituição do crime. A partir deste momento, o leitor toma contato com novas informações, que ele terá de juntar às anteriores para compor um quadro de hipóteses coerentes quanto à atitude dos personagens. Miraglia conta que ia se casar com Carmem e que ela estava grávida. Miraglia diz que o filho não poderia ser seu, pois ele era estéril. Miraglia explica que Carmem se suicidou porque não queria admitir lhe fora infiel. Miraglia diz que Maria também queria se matar, porque também estava grávida e sabia que o filho era ilegítimo Em meio a tantas informações, o caso toma vários caminhos, que o comissário Serpa tenta questionar, concluindo que todas as suspeitas apontam para Miraglia. A história se repete: Maria vai com Miraglia ao bar, toma um martini e cai fulminada. 

Terceira parte: Como se pôde ver, esta história acontece como num jogo, o de damas, por exemplo, em que novas possibilidades de jogadas vão acontecendo. O detetive Serpa levanta a hipótese de que Miraglia pretendia matar-se e Carmem, tomando o martini no cálice errado, terminou morrendo. Neste momento, Maria lhe telefona para saber se deve tomar o cálice de martini que Miraglia lhe oferece. Serpa diz que ela deve beber o outro cálice, o que pode configurar um erro, pois se Miraglia pretendia se matar, ela, Maria, morreria fatalmente. 

Quarta parte: Novamente o leitor é levado a crer num real assassinato, que acaba por não ocorrer. Maria não havia morrido e resolve retirar a queixa contra Miraglia, porque se arrependeu e acabou dando o caso como encerrado. Serpa, finalmente, tem uma pista concreta em suas mãos: a morte de uma mulher desconhecida, por envenenamento, no mesmo bar onde ocorreu a primeira morte. O fato leva Serpa a concluir que uma desconhecida havia tomado o martini de Miraglia e morrera, o que confirma que ele pretendia mesmo se matar. 

O final é inconcluso, não deixando qualquer certeza sobre a culpabilidade ou não de Miraglia.