Casa de Pensão (Aluísio Azevedo)

Amâncio da Silva Bastos e Vasconcelos, rapaz rico e provinciano, abandona o Maranhão e segue de navio para o Rio de Janeiro (à Corte) a fim de se encaminhar nos estudos e na vida. É um provinciano que sonha com os deslumbramentos da Corte. Chega cheio de ilusões e vazio de propósitos de estudar... A mãe fica chorosa e o pai, indiferente, como sempre fora no trato meio distante com o filho. O rapaz tinha que se tornar um homem.
Amâncio começa morando em casa do Sr. Campos, amigo do Pai, e, forçado, se matricula na Escola de Medicina. Ia começar agora uma vida livre para compensar o tempo em que viveu escravizado às imposições do pai e do professor, o implacável Pires.
Por convite de João Coqueiro, co-proprietário de uma casa de pensão, junto com a sua velhusca mulher Mme. Brizard, muda-se para lá. É tratado com as maiores preferências: os donos da pensão queriam aproveitar o máximo de seu dinheiro e ainda arranjar o seu casamento com Amélia, irmã de Coqueiro (um sujo jogo de baixo interesses, sobretudo de dinheiro). Naquele ambiente, tudo ocorria para fazer explodir a super-sensualidade do maranhense.
A casa de pensão era um amontoado de gente, em promiscuidade generalizada, apesar da hipócrita moralidade pregada pelo seu dono: havia miséria física e moral, clara e oculta. Com a chegada de Amâncio, a pensão passou a ser uma arapuca para prender nos seus laços o jovem inexperiente e rico estudante: pegar o seu dinheiro e casá-lo com a irmã do Coqueiro. (Amâncio passara a pagar todas as contas da família).
Para alcançar o casamento de Amâncio com Amélia todos os meios eram absolutamente lícitos. Amélia, principalmente quando da doença do rapaz, se desdobrou nos mais íntimos cuidados. Até que se tornou, disfarçadamente, sua amante sempre mantendo as aparências do maior respeito exigido dentro da pensão pelo João Coqueiro... Amélia se oferecia o tempo todo.
O pai de Amâncio morre no Maranhão. A mãe chama o filho. Ele pretendo voltar logo que terminem os seus exames de medicina. Era preciso que o filho voltasse para vê-la e ver os negócios que o pai deixara. Mas o rapaz está preso à casa de pensão e à Amélia: esta o ameaça e só permite sua ida ao Maranhão, depois do casamento com ela.
Amâncio explicava que precisava muito ir ver a sua mãe necessitada. Mas, Amélia, morrendo de ciúmes dele ir-se embora e conhecer outras mulheres no Maranhão, protestava: ele não iria jamais!
Então Amâncio prepara sua viagem às escondidas. Mas, no dia do embarque, um oficial de justiça acompanhado de policiais o prende para apresentação à delegacia e prestação de depoimentos. Amâncio é acusado de sedutor da moça. João Coqueiro prepara tudo: o caso foi entregue ao famigerado Dr. Teles de Moura. Aparecem duas testemunhas contra o rapaz. Começa o enredado processo: uma confusão de mentiras, de fingimentos, de maucaratismo contra o jovem rico e desfrutável para os interesses pecuniários de Mme. Brizard e marido. Há uma ressonância geral na imprensa e, na maioria, os estudantes se colocam ao lado de Amâncio.
O senhor Campos prepara-se para ajudar o seu protegido, mas Coqueiro lhe faz chegar às mãos uma carta comprometedora que Amâncio escrevera à sua senhora, D. Hortênsia. (pois Amâncio se envolvia sentimentalmente com as mulheres casadas da pensão, em especial Hortência, esposa de Campos). Campos então se coloca contra quem não soube respeitar nem a sua casa...
Amâncio continua preso. Três meses depois de iniciado o processo, Amâncio é absolvido. O rapaz é levado em triunfo para um almoço, no Hotel Paris. Todo mundo olhava com curiosidade e admiração o estudante absolvido. E lhe atiravam flores, Ouviam-se vivas ao estudante e à Liberdade. Os músicos alemães tocaram a Marselhesa. Parecia um carnaval carioca.
Em outro plano, Coqueiro, sozinho, via e ouvia tudo. Sua alma estava envenenada de raiva. Quando em casa, sua mulher o acusava de todo o fracasso. As testemunhas reclamavam o pagamento do seu depoimento. Um inferno dentro e fora dele. Chegaram cartas anônimas com as maiores ofensas. Um homem acuado... Tinham-lhe acabado a vida boa.
Coqueiro também tinha muita vergonha do que a cidade estava comentando sobre a sua irmã prostituída. Não poderia isso ficar assim.
Pegou, na gaveta, o revólver do pai. E pensou em se matar. Carregou a arma. Acertou o cano no ouvido. Não teve coragem. Debaixo da sua janela, gritavam injúrias pela sua covardia e mau caráter... No dia seguinte, de manhã, saiu sinistro. Foi ao Hotel Paris. Bateu no quarto II, onde se encontrava o estudante com a rapariga Jeanete. Esta abriu a porta. Amâncio dormia, depois da festa e da bebedeira, de barriga para cima.
Foi então que Coqueiro atirou a queima-roupa em Amâncio. E Amâncio passa a mão no peito, abre os olhos, não vê mais ninguém. Ainda diz uma última palavra: mamãe ... e morre.
Coqueiro foi agarrado por um policial, ao fugir. A cidade se enche de comentários. Muitos visitam o necrotério para ver o cadáver de Amâncio. Vendem-se retratos do morto. Um funeral grandioso com a presença de políticos, notícias e necrológicos nos jornais, a cidade toda abalada. A tragédia tomou conta de todos.
A opinião pública começa a flutuar, a mudar de posição: afinal, João Coqueiro tinha lavado a honra da irmã...
Quando D. Ângela, envelhecida e enlutada, chega ao Rio de Janeiro, se viu no meio da confusão, procurando o filho. Numa vitrine, ela descobriu o retrato do filho na mesa do necrotério, com o tronco nu, o corpo em sangue. Uma legenda: Amâncio de Vasconcelos, assassinado por João Coqueiro, no Hotel Paris...

O Mulato (Aluísio Azevedo)


Saindo criança de São Luís para Lisboa, Raimundo viajava órfão de pai, um ex-comerciante português, e afastado da mãe, Domingas, uma ex-escrava do pai.
Depois de anos na Europa, Raimundo volta formado para o Brasil. Passa um ano no Rio e decide regressar a São Luís para rever seu tutor e tio, Manuel Pescada.
Bem recebido pela família do tio, Raimundo desperta logo as atenções de sua prima Ana Rosa, que, em dado momento, lhe declara seu amor.
Essa paixão correspondida encontra, todavia, três obstáculos: o do pai, que queria a filha casada com um dos caixeiros da loja; o da avó Maria Bárbara, mulher racista e de maus bofes; o do Cônego Diogo, comensal da casa e adversário natural de Raimundo.
Todos três conheciam as origens negróides de Raimundo. E o Cônego Diogo era o mais empenhado em impedir a ligação, uma vez que fora responsável pela morte do pai do jovem.
Foi assim: depois que Raimundo nasceu, seu pai, José Pedro da Silva, casou-se com Quitéria Inocência de Freitas Santiago, mulher branca. Suspeitando da atenção particular que José Pedro dedicava ao pequeno Raimundo e à escrava Domingas, Quitéria ordena que açoitem a negra e lhe queimem as partes genitais. Desesperado, José Pedro carrega o filho e leva-o para a casa do irmão, em São Luís. De volta à fazenda, imaginando Quitéria ainda refugiada na casa da mãe, José Pedro ouve vozes em seu quarto. Invadindo-o, o fazendeiro surpreende Quitéria e o então Padre Diogo em pleno adultério. Desonrado, o pai de Raimundo mata Quitéria, tendo Diogo como testemunha. Graças à culpa do adultério e à culpa do homicídio, forma-se um pacto de cumplicidade entre ambos. Diante de mais essa desgraça, José Pedro abandona a fazenda, retira-se para a casa do irmão e adoece. Algum tempo depois, já restabelecido, José Pedro resolve voltar à fazenda, mas, no meio do caminho, é tocaiado e morto. Por outro lado, devagarzinho, o Padre Diogo começara a insinuar-se também na casa de Manuel Pescada.
Raimundo ignorava tudo isso.
Em São Luís, já adulto, sua preocupação básica é a de desvendar suas origens e, por isso, insiste com o tio em visitar a fazenda onde nascera. Durante o percurso a São Brás, Raimundo começa a descobrir os primeiros dados sobre suas origens e insiste com o tio para que lhe conceda a mão de Ana Rosa. Depois de várias recusas, Raimundo fica sabendo que o motivo da proibição devia-se à cor de sua pele.
De volta a São Luís, Raimundo muda-se da casa do tio, decide voltar para o Rio, confessa em carta a Ana Rosa seu amor, mas acaba não viajando.
Apesar das proibições, Ana Rosa e ele concertam um plano de fuga. No entanto, a carta principal fora interceptada por um cúmplice do Cônego Diogo, o caixeiro Dias, empregado de Manuel Pescada e forte pretendente, sempre repelido, à mão de Ana Rosa.
Na hora da fuga, os namorados são surpreendidos. Arma-se o escândalo, do qual o cônego é o grande regente. Raimundo retira-se desolado e, ao abrir a porta de casa, um tiro acerta-o pelas costas. Com uma arma que lhe emprestara o Cônego Diogo, o caixeiro Dias assassina o rival.
Entretanto, seis anos depois, vemo-la saindo de uma recepção oficial, de braço com o Sr. Dias e preocupada com os - ;três filhinhos que ficaram em casa, a dormir.

ASPECTOS RELEVANTES

É apontado como a obra inaugural do Naturalismo no Brasil -1881. Podem ser identificados alguns elementos naturalistas:
A CRÍTICA SOCIAL, através da sátira impiedosa dos tipos de São Luís: o comerciante rico e grosseiro, a velha beata e raivosa, o padre relaxado e assassino, e uma série de personagens que resvalam sempre para o imoral e para o grotesco. Já dissemos que esses tipos são, muitas vezes, pessoas que realmente viveram em São Luís, conhecidas pelo autor. ANTICLERICALISMO, projetado na figura do padre e depois cônego Diogo, devasso, hipócrita e assassino. OPOSIÇÃO AO PRECONCEITO RACIAL, que é o fulcro de toda a trama. O ASPECTO SEXUAL, referido expressamente em relação à natureza carnal da paixão de Ana Rosa pelo mulato Raimundo. O TRIUNFO DO MAL, já que, no desfecho, os crimes ficam impunes e os criminosos são gratificados: a heroína acaba se casando com o assassino de Raimundo (grande amor de sua vida), e o Pe. Diogo, responsável por dois crimes, é promovido a cônego.
Contudo, há fortes resíduos românticos:
Escrito em plena efervescência da Campanha Abolicionista, Aluísio Azevedo não manteve a postura neutra, imparcial, que caracteriza os autores realistas -naturalistas. Ao contrário, ele toma partido do mulato, do homem de cor, idealizando exageradamente Raimundo, que mais parece o herói dos romances românticos (ingênuo, bondoso, ama platonicamente Ana Rosa e ignora a sua condição de homem de cor). Observe que Raimundo é cientificamente inverossímil - filho de pai branco e mãe negra retinta, o filho tem; grandes olhos azuis, cabelos pretos e lustrosos, tez morena e amulatada, mas final..
A trama da narração é romântica e desenvolve o velho chavão romântico da história de amor que as tradições e o preconceito impedem de se realizar. Além disso, a história é verdadeiramente enrolada!


O Homem (Aluísio Azevedo)

Magdá morava com seu pai Sr. Conselheiro Pinto Marques, a tia Camila e Fernando. Conselheiro Pinto Marques era um homem alto, fibra seca, olhos vivos, calvo, tinha uma expressão inteligente e aristocrata. Era extremamente preocupado com Magdá. Tia Camila era uma solteirona velha, muito devota, esquisita de gênio e sem jeito nenhum para fazer sala. Uma verdadeira barata de sacristia, como lhe chamava Dr. Lobão, médico da casa. Quando Magdá nasceu Fernando já morava na casa e tinha cinco anos. Fora seu companheiro de infância e cresceram juntos. Desde muito cedo habituaram-se ambos à idéia de que nunca pertenceriam senão um ao outro. Queriam se casar.
Na realidade Fernando era o filho do seu pai, o conselheiro Pinto Marques, que o tivera em uma relação extraconjugal. Quando a mãe dele morrera, o conselheiro o adotara por compaixão e o mandara instruir. Fernando estudou medicina.
O conselheiro já não podia mais esconder isso pois via que o casal estava se envolvendo. Um belo dia, seu “pai” chamou-o e disse que Magdá era sua irmã e que ele era o seu pai. Fernando sorriu e fez-se um pouco vermelho. Passou a olhar Magdá com olhos fraternos. Mostrava frieza na amizade e tentava esconder seu amor por ela. Ela sentia que Fernando estava cada dia mais distante, e em breve viria a formatura dele acompanhada pelo casamento dos dois, conforme havia prometido Fernando.
Magdá não tinha olhos para mais nenhum homem, somente para Fernando, apesar de ser ainda muito jovem, apenas com quinze anos. Então Fernando se forma e comunica que partiria daqui a dias para a Europa e não sabia quando voltaria. Magdá caiu em crise de choro. Ameaça se casar com o primeiro pretendente que aparecer. Fernando não admitiu ir embora e deixá-la naquele estado. Pediu que o conselheiro contasse a verdade a ela também, o que foi feito. Ainda na cama, Magdá abraçou Fernando aos prantos, afinal eram irmãos.
Depois disso, o conselheiro promovia bailes para que a filha se divertisse e conhecesse novos rapazes. Dr. Lobão fazia-lhe visitas e perguntava sobre a alimentação, sobre os namorados dela. Durante os bailes Magdá dançava a noite toda. O tempo passava e Magdá era uma mulher feita. Dr. Lobão sempre cobrava um marido para ela. “Queira casar sim, mas casar bem”, como dizia em gíria de boa sociedade. “Queira escolher um homem de gênio suportável, com um pouco de mocidade e uma fortuna decente”! Bastava-lhe isto!
Infelizmente uma má noticia veio enlutar a casa: a morte de Fernando com problemas nos brônquios. Magdá começou a ter pesadelos com Fernando e durante o dia não dizia uma palavra sobre o assunto. O Conselheiro promoveu novos bailes, com orquestras e muita bebida... apareceram diversos pretendentes ricos. Após muitas tentativas de casamentos, Magdá resolveu que não se casava mais. Decidiram então que ela viajasse para a Europa. Magda viajou para a Europa mas voltou mais devota que nunca e decidira que seria freira. O conselheiro ficou revoltado com a idéia. Tia Camila gostou da reação da sobrinha: casa-se com Jesus Cristo! Muitas vezes, durante as orações, confundia Jesus com Fernando.
Foi aconselhada a viver em outro lugar mais campestre, onde não houvesse igrejas por perto. Iriam refugiar-se na Tijuca, num casarão antigo de aparência tristonha e com mato virgem. Lá Magdá acordava tarde e tinha febres constantes que a deixava sempre nervosa. Mas ela gostava de ficar olhando pela janela os trabalhadores na pedreira. Apreciava aquela rica exibição dos músculos tesos dos homens que saltavam com o peso do macete e do furão de ferro, e daqueles corpos nus e suados, que reluziam ao sol como se fossem de bronze polido. Não saía do quarto, não comia e andava rabugenta. Sua tia Camila estava muito doente e morre. Chegou uma nova criada, a Justina, que veio para cuidar de Magdá que ficava curiosa com a sua simpatia e queria saber como vivia.
Magdá continuava a olhar pela janela os trabalhadores da pedreira... Ela pediu ao pai que a acompanhasse até no alto da pedreira. Ele ficou surpreso mas acompanhou a filha. O caminho era estreito e difícil, o cascalho rolava solto. No topo, um cavouqueiro assustado pela coragem da moça, ofereceu para conduzí-la de volta. Ele era um moço de vinte e cinco anos, vigoroso e belo de força. Estava nu da cintura para cima. O rapaz passou um dos braços pela cintura de Magdá e com o outro a suspendeu de mansinho pelas curvas dos joelhos, inclinando-a sobre seu peito. Ela deitou no ombro dele. Durante a descida, teve cuidado para não rolar pedras abaixo. Quando o moço, já embaixo, a colocou num banco de pedra que ali havia, a enferma (pois vivia sempre deprimida) abriu de todo os olhos, deixou escapar um grito e cobriu logo o rosto com as mãos. Não podia encarar aquele homem de corpo nu que ali estava defronte dela, a tirar com os punhos o suor que lhe escorria pela testa. Magdá ficou desorientada e com vergonha do moço, pois nunca tinha visto um homem nu. A partir daí sonhava todas as noites com o ocorrido, o homem não saía da sua memória; mesmo quando descobriu que ele era noivo de Rosinha (irmã de Justina) e que se chamava Luís.
E o tempo foi passando, quando todos os dias Magdá sonhava com Luis já como o homem que lhe pertencia e viviam em uma ilha maravilhosa. O HOMEM escolhido havia chegado em sua vida. Os sonhos com ele eram tão reais que Magdá viveu uma linda história de amor por muito tempo, chegando até a ter um filho com Luis nos seus sonhos. Tudo era muito lindo. Luis a tratava como a mulher mais mimada do mundo. Ele era o melhor homem do mundo para ela. Porém, Magdá viveu isso tudo somente em sua fantasia pois não teve nunca coragem de revelar o seu amor. Magdá delirava e surtava por muitos anos, ficando como que louca.
Nisso Justina sempre trazendo noticias do casal, Rosinha e Luís, e o casamento se aproximava, faltando somente a chegada da cama que eles ganhariam do padrinho Antônio Pechinchão.
Chegando o presente dia eles se casaram. Magdá ouviu a festa a noite toda através da janela. E ela sofria muito com tudo isso, afinal o homem era dela e não podia se casar com outra.
Após muito sofrimento, Magdá, depois do casamento já em um outro dia, resolveu convidar o casal através de Justina para uma visita à ela pois daria um presente para eles preparando-lhes uma surpresa. O casal veio até a casa dela e ela disse-lhes que precisavam comemorar o casamento deles com um vinho muito especial. Foi então que Magdá fez o inesperado: serviu vinho envenenado para o casal, matando-os. Na verdade ela não suportou que ele tivesse se casado com outra e acabou achando melhor matar o seu amado junto com seu sonho.
Magdá foi levada à Casa de Detenção e delirava ainda no caminho. Queria ver o “seu filho que teve com o Luis”. Acabou sendo encarcerada... e o pai viu fecharem-lhe a jaula, mais sucumbido do que se aquela porta fosse a lousa de um túmulo.

Rsl.Sz*

Dom Casmurro (Machado de Assis)


 
(Para o Vestibular):

Síntese:

O narrador-personagem tenta restaurar, na velhice, a adolescência e, desta forma, viver o já havia vivido, e assim, conta a história:
Em meados de novembro de 1857, antes de perceber-se apaixonado pela vizinha Capitu, ao escutar a conversa entre José Dias e sua mãe sobre tornar-se seminarista, Bentinho, acorda sentimentos que ainda lhe eram despercebidos ao descobrir o amor que sentia pela moça e ao percebê-lo correspondido.
Começa, então, elaborar planos que impeçam sua ida ao seminário. Mas nem com planos mirabolantes Bentinho conseguiu evitar sua partida, seguindo, então, para os estudos eclesiásticos. Lá conheceu aquele que se tornou o seu melhor amigo, Escobar.
Depois de um tempo, convenceu sua mãe a custear os estudos de outro menino, e fazer dele padre em seu lugar padre em seu lugar. Formou-se em Direito voltou para casar-se com Capitu.
Escobar também saiu do seminário, casou-se com Sancha, amiga de Capitu e engajou-se no ramo do comércio. Escobar Sancha tiveram uma filha. A amizade de ambos os casais foi aumentando.
Bentinho e Capitu, depois de um tempo de espera, conseguiram ter também um filho que veio a chamar-se Ezequiel, em homenagem a Escobar.
O tempo foi passando. Escobar morreu afogado e Bentinho percebeu que Capitu havia ficado muito abalada com a morte de Escobar, mais abalada que o normal.
Bentinho passou, então, a desconfiar que houvesse certa semelhança na aparência de entre Escobar e seu filho.
Ezequiel foi internato em uma escola, mas, nos finais de semana, retornava a casa, deixando Bentinho atordoado com a traição estampada no rosto de seu próprio filho. Decide, com isso, levar a família à Europa onde Ezequiel e Capitu ficaram morando.
Dom Casmurro só voltou a ver Ezequiel quando este retorna da Europa anunciando a morte da mãe. Ao ver Ezequiel, Bento vê a imagem perfeita de Escobar. Passados alguns meses, Ezequiel viaja para o Oriente Médio e lá morre de febre tifóide.
O adultério paira nesse romance como uma incógnita, já que é apresentada uma série de provas e contraprovas sobre a traição de Capitu.



Resumo:

Primeiramente, explica-se o nome do livro e o porquê da alcunha a Bento Santiago de “Dom Casmurro”:
a) “Casmurro” faz referência a seus reclusos e calados;
b) “Dom” é o termo irônico que lhe fornece ares de fidalgo.
O narrador-personagem, depois de tentar, sem sucesso, reconstituir a sua história através de uma cópia de sua casa na infância, decide atar duas pontas da sua vida, através de um livro autobiográfico que o ajudasse a restaurar o passado.

Dom Casmurro ou Bentinho, como era chamado o personagem na sua infância, morava em uma casa com sua mãe a viúva D. Glória, tio Cosme, prima Justina e, também, José Dias, agregado da família, que já era considerado como membro desta.
Era novembro de 1857, Bentinho escutou José Dias conversando com sua mãe, aconselhando D. Glória a colocar Bentinho no seminário o mais rápido possível, a fim de cumprir uma promessa feita no passado, pois já havia a desconfiança de que Bentinho estivesse apaixonando-se por uma vizinha, amiga de infância, Capitu.
Após escutar a conversa Bentinho, percebe que realmente gosta de Capitu. Ao declarar-se a vizinha, Bento percebe que seu sentimento é correspondido e passa a fazer planos para não precisar ir para o seminário. Mas Bentinho não tem êxito com seus planos e não consegue escapar do destino imposto pela religiosidade da mãe. Segue, então ao seminário, e lá conhece Escobar que veio a ser, mais tarde, o seu melhor amigo.
Bentinho se empenhou em convencer a mãe a custear os estudos de outra pessoa, fazendo dele padre em seu lugar. Dessa forma, o protagonista abandonou o seminário e foi para a faculdade de Direito. Formou-se advogado e retornou ao local da sua infância para casar com Capitu. O amigo Escobar também saiu do seminário e se casou com a melhor amiga de Capitu, Sancha.

Os dois casais vão fortalecendo as amizades. Sancha e Escobar têm uma filha que recebe o nome de Capitolina em homenagem a amiga Capitu.  Depois de um longo tempo de espera, Bentinho e Capitu, também têm um filho, quem recebe o nome de Ezequiel, como também se chamava Escobar.
O tempo foi passando e a vida transcorrendo muito bem entre os casais. Mas, um dia, Escobar morre afogado. No enterro do amigo, Bentinho percebeu em Capitu, uma tristeza enorme que lhe pareceu indevida. A esposa não só lhe parecia triste demais, mais do que o normal, como também lhe aparentava, dissimular tal tristeza.
No dia seguinte ao da morte do amigo, Bentinho, ao olhar para uma fotografia do falecido, notou certa semelhança entre ele e seu filho. Desde então surgem fatos, situações e lembranças que o conduzem ao adultério da esposa. Teria, Capitu, enganado Dom Casmurro?  Será que a esposa o havia traído com o seu melhor amigo?
O sentimento de traição passou a predominar e era horrível. Dom Casmurro chegou a procurar o suicídio, mas Ezequiel fez com que percebesse que, além do sentimento atormentador da traição e da condição de bastardo do filho, havia também o sentimento amoroso entre pai e filho.
“Quando nem mãe nem filho estavam comigo o meu desespero era grande, e eu jurava matá-los a ambos, ora de golpe, ora devagar, para dividir pelo tempo da morte todos os minutos da vida embaçada e agoniada. Quando, porém, tornava a casa e via no alto da escada a criaturinha que me queria e esperava, ficava desarmado e diferia o castigo de um dia para outro.” (Capítulo cxxxii)

Ezequiel foi colocado em um internato, mas à medida que o tempo foi passando sua semelhança com o falecido foi aumentando e nos finais de semana era impossível para Bentinho sentir-se em paz.
Bentinho não conseguiu expor claramente suas idéias para Capitu, não houve uma conversa muito clara entre o casal e Capitu por sua vez disse que a semelhança do menino com Escobar era casualidade do destino, mas mesmo assim decidiram partir para uma separação amigável, mantendo as aparências.
Bento resolveu então levar a família à Europa, e, de lá, voltou sozinho. Embora tenha viajado outras vezes para a Europa, nunca mais voltou a ver Capitu.
O tempo foi passando e morreram Tio Cosme, D. Glória e José Dias. Certo dia, Ezequiel voltou da Europa anunciando a morte também de Capitu. Dom Casmurro vê no filho a imagem perfeita de Escobar. Passados alguns meses Ezequiel viaja para o Oriente Médio e, depois de um tempo, morre de febre tifóide.

O narrador-personagem apresenta uma série de provas, e também contraprovas como o fato de Capitu ser tão parecida com a mãe de Sancha sem haver parentesco algum entre elas. Nenhuma das provas do adultério de Capitu encontradas por D. Casmurro foram comprovadas.
Mortos todos, familiares e velhos conhecidos, D. Casmurro, em sua vida fechada, ainda podia se consolar com algumas amigas, mas jamais se esqueceu do grande amor que o havia traído com seu maior amigo. Será que o havia traído?
A narrativa de seu livro se mostra eficaz ao tentar atar duas pontas de sua vida: a adolescência com a velhice e após o término, para esquecer o relembrado, o revivido, nada melhor que escrever outro livro: Uma História dos subúrbios do Rio de Janeiro.

Narrador e foco narrativo: a história é narrada na 1ª pessoa do singular, por um narrador-personagem, que se coloca como o escritor.
Para tentarmos nos aproximar de seu enigma, a história de Dom Casmurro apresenta como primeira chave, a própria figura deste que ao mesmo tempo a vive e a relata.
Trata-se de um velho solitário apelidado de Dom Casmurro. O autor da alcunha, foi um rapaz que, em uma viagem de trem, se aborreceu com a monotonia de Bento, cansado com o relato tão monótono da sua história de vida.

Outro ponto a se ressaltar no romance é o fato de seu narrador não ser confiável. Ele mente, distorce, confunde o leitor, com quem conversa ao longo da narração, anunciando a metalinguagem da literatura do século XX.
Machado de Assis adota um narrador unilateral, fazendo dele o eixo da forma literária. Inscrevia-se, então, entre os romancistas inovadores, além de convergir com os espíritos adiantados da Europa, que sabiam que toda representação comporta um elemento de vontade ou interesse, o dado oculto a examinar, o indício da crise da civilização burguesa.
Em Dom Casmurro, a dramatização do ato de narrar é um dos componentes essenciais do enredo e da vida do protagonista. Tal dramatização consiste no seguinte: em vez de simplesmente escrever uma história, Machado de Assis inventou uma personagem (um pseudo-autor) de quem nos é dado ver o ato de escrever o seu próprio romance.
Dom Casmurro também pode ser entendido como uma auto-análise de Bento Santiago, sobrevivente único de uma história de amor com final amargo: pois Bento julga-se traído pela esposa Capitu e pelo melhor amigo Escobar. Há vários anos após a morte da esposa e de seu suposto amante, Bento decide escrever o livro para restaurar no presente o equilíbrio perdido no passado.
O ponto de vista de Bento Santiago domina tudo na narrativa. Até mesmo as demais personagens não passam de projeções de sua alma. São lembranças do seu passado, que vão ressurgindo do subsolo da memória à medida que ele procura a reconstrução de si mesmo.
Linguagem: Machado de Assis utiliza alguns aspectos centrais na linguagem de Dom Casmurro: reflexões metalingüísticas, as ironias às expectativas do leitor, as digressões. Através delas, o narrador nos revela, como se os estivesse escondendo, não só os “bastidores” sombrios da personalidade de Bentinho, mas também a própria arquitetura do romance.
Por Exemplo, no capítulo 59 encontramos o seguinte trecho:
“Nada se emenda bem nos livros confuso, mas tudo se pode meter nos livros omissos (...). É que tudo se acha fora de um livro falho, leitor amigo. Assim preencho as lacunas alheias; assim podes também preencher as minhas.”
Esse fluxo é trabalhado literariamente ao longo do romance. Portanto na linguagem de Dom Casmurro há reflexão metalingüística — sempre recoberta pela ironia de seu ritmo, de sua não linearidade, da presença de “reticências”.

O espaço: em Dom Casmurro, Bentinho, o protagonista morou toda a sua infância na rua de Matacavalos, em companhia de sua grande amiga e vizinha.
Bentinho só sai de lá, para entrar para o seminário em cumprimento de uma promessa que a mãe fizera e que não poderia ser quebrada. Em sua terra natal, o jovem deixa a mãe, o tio e seu grande amor, a vizinha.
Ao voltar, casa-se com Capitu, sua melhor amiga e também seu grande amor. Vão morar nos altos da Tijuca, na Praia da Glória, mas fazem visitas freqüentes a Matacavalos, onde agora moram o pai de Capitu, a mãe de Bentinho, assim como parentes e amigos.
Cada uma dessas regiões é explorada em seu texto, bem como as pessoas com quem Bentinho conviveu e que interagem no enredo. O livro é narrado, com emoção e riquezas de detalhes.

Personagens:

Bento Santiago: quando jovem era um pouco mais baixo que Capitu. Não apresentava traços físicos definidos e revela-se como um moço rico, mimado pela mãe e, talvez por isso, não apresentasse o mesmo espírito vivaz e a iniciativa de Capitu. Comenta-se que, aproximadamente aos vinte e dois anos de idade, Bentinho se parecia muito com o pai:
“[...] sim tem alguma coisa, os olhos, a disposição do rosto. É o pai um pouco mais moderno, concluiu por chalaça.”
No passado dividia-se entre a mãe e a vizinha. Conforme escreve, o livro divide-se entre o passado e o presente. Tanto acusa quanto louva a falecida esposa.
Bento não pretendia ser padre como determinava sua mãe, sua intenção era casar-se com Capitu, sua amiga de infância. Depois de velho e da perda de seus familiares passa a viver isolado.
Ele mesmo diz:
“Uso louça velha e mobília velha “
“Em verdade, pouco apareço e menos falo. Distrações raras. O mais do tempo é gasto em hortar, jardinar e ler; como bem e não durmo mal”.
Capitolina: no inicio na narrativa, está com 14 anos e é um pouquinho mais alta do que Bentinho. Tem os cabelos grossos negros e compridos até a cintura. Seus olhos são negros e misteriosos a ponto de despertar no narrador a comparação com a ressaca do mar, é esperta, inteligente, extrovertida, criativa e previdente.
É ela que pensa primeiro num plano para livrar Bentinho do seminário e que desperta nele o impulso do primeiro beijo e que, após sua entrada no seminário, fica o maior tempo possível ao lado de D. Gloria. Torna-se querida de tal forma, que, quando José Dias usa a palavra nora D. Gloria sorri como quem aceita.
O narrador mostra, nas entrelinhas, a parca condição financeira da jovem Capitu:
“apertada em um vestido de chita, meio desbotado. [...] As mãos, a despeito de alguns ofícios rudes, eram curadas com amor [...] Calçava sapatos de duraque, rasos e velhos, a que ela mesma dera alguns pontos”.

Escobar: conhece Bento no seminário e logo se tornam amigos inseparáveis. Tem grande facilidade com números, por isso, sonha em ser comerciante e, assim que abandona o seminário, dedica-se ao negócio de café. É o grande desencadeador da trama, pois Bento acredita que ele tornou-se amante de sua esposa, Capitu.
José Dias definiu Escobar como um rapaz polido de olhos claros e dulcíssimos. O narrador o descreve da seguinte forma:
“A cara rapada mostrava uma pele alva e lisa. A testa é que era um pouso baixa, vindo a risca do cabelo quase em cima da sobrancelha esquerda — mas tinha sempre a altura necessária para não afrontar as outras feições, nem diminuir a graça delas. Realmente, era interessante de rosto, a boca fina e chocarreira, o nariz curvo e delgado. Tinha o sestro de sacudir o ombro direito, de quando em quando e veio a perdê-lo, desde que um de nós lhe notou um dia no seminário; primeiro exemplo que vi de que um homem pode corrigir-se muito bem dos defeitos miúdos”.

José Dias: era magro chupado, com um principio de calviçe e dedicado a família de Bentinho até a morte. Era agregado em casa de D. Gloria "apresenta-se como medico sem o ser.”
“[...] amava os superlativos. Era um modo de dar feição monumental às idéias; não as havendo, servia a prolongar as frases. [...] vi-o passar com as suas calças brancas engomadas, presilhas, rodaque e gravata de mola. Foi dos últimos que usaram presilhas no Rio de Janeiro, e talvez neste mundo. Trazia as calças curtas para que lhe ficassem bem esticadas. A gravata de cetim preto, com um arco de aço por dentro, imobilizava-lhe o pescoço; era então moda. O rodaque de chita, veste caseira e leve, parecia nele uma casaca de cerimônia. Era magro, chupado, com um princípio de calva; teria os seus cinqüenta e cinco anos. Levantou-se com o passo vagaroso do costume, não aquele vagar arrastado se era dos preguiçosos, mas um vagar calculado e deduzido, um silogismo completo, a premissa antes da conseqüência, a conseqüência antes da conclusão. Um dever amaríssimo!"

Dona Glória: mãe de Bentinho, senhora religiosa e viúva que, em razão de uma antiga promessa, desejava fazer do filho um padre.
“D. Maria da Glória Fernandes Santiago contava quarenta e dous anos de idade. Era ainda bonita e moça, mas teimava em esconder os saldos da juventude, por mais que a natureza quisesse preservá-la da ação do tempo. Vivia metida em um eterno vestido escuro, sem adornos, com um xale preto, dobrado em triângulo e abrochado ao peito por um camafeu. Os cabelos, em bandós, eram apanhados sobre a nuca por um velho pente de tartaruga; alguma vez trazia a touca branca de folhas. Lidava assim, com os seus sapatos de cordovão rasos e surdos, a um lado e outro, vendo e guiando os serviços todos da casa inteira, desde manhã até à noite.”

Tio Cosme: irmão de D. Glória, advogado e viúvo era modesto, gordo, olhos dorminhocos e respiração curta. Ocupa posição neutra: não se opunha aos planos de Bentinho, mas também não interrompia.
"Era gordo e pesado, tinha a respiração curta e os olhos dorminhocos. Uma das minhas recordações mais antigas era vê-lo montar todas as manhãs a besta que minha mãe lhe deu e que o levava ao escritório. O preto que a tinha ido buscar à cocheira segurava o freio, enquanto ele erguia o pé e pousava no estribo - a isto seguia-se um minuto de descanso ou reflexão. Depois, dava um impulso, o primeiro, o corpo ameaçava subir, mas não subia; segundo impulso, igual efeito. Enfim, após alguns instantes largos, tio Cosme enfeixava todas as forças físicas e morais, dava o último surto da terra, e desta vez caía em cima do selim. Raramente a besta deixava de mostrar por um gesto que acabava de receber o mundo. Tio Cosme acomodava as carnes, e a besta partia a trote."

Prima Justina: viúva prima de D. Glória. Parece ser egoísta, ciumenta e intrigante.
“Era quadragenária, magra e pálida, boca fina e olhos curiosos. Vivia conosco por favor de minha mãe, e também por interesse; minha mãe queria ter uma senhora íntima ao pé de si, e antes parenta que estranha.”

Pedro de Albuquerque Santiago: pai falecido de Bentinho.
“Não me lembra nada dele, a não ser vagamente que era alto e usava cabeleira grande; o retrato mostra uns olhos redondos, que me acompanham para todos os lados, efeito da pintura que me assombrava em pequeno. O pescoço sai de uma gravata preta de muitas voltas, a cara é toda rapada, salvo um trechozinho pegado às orelhas. [...] O que se lê na cara de ambos [os pais de Bentinho] é que, se a felicidade conjugal pode ser comparada à sorte grande, eles a tiraram no bilhete comprado de sociedade.”

Padre Cabral: velho amigo do tio Cose com quem costumava jogar durante as noites, na casa de D. Glória, e quem ensinou a Bentinho as primeiras letras, latim e doutrina. O padre ajuda Bentinho no caso do seminário, explicando para a família pode-se ter a vocação religiosa manifesta de outra forma que não a de se tornar padre:
“Prima Justina interveio: — Como? Então pode-se entrar para o seminário e não sair padre? — Padre Cabral respondeu que sim, que se podia, e, voltando-se para mim [Bentinho], falou da minha vocação, que era manifesta; os meus brinquedos foram sempre de igreja, e eu adorava os ofícios divinos. A prova não provava; todas as crianças do meu tempo eram devotas. Cabral acrescentou que o reitor de S. José, a quem contara ultimamente a promessa de minha mãe, tinha o meu nascimento por milagre; ele era da mesma opinião.”

Sancha: companheira de colégio de Capitu, filha de Gurgel, comerciante de objetos americanos que “era viúvo e morria pela filha”.  Sancha casa-se com Escobar.
“Escobar e a mulher viviam felizes, tinham uma filhinha. Em tempo ouvi falar de uma aventura do marido, negócio de teatro, não sei que atriz ou bailarina, mas se foi certo, não deu escândalo. Sancha era modesta, o marido trabalhador.”
O casal estreita amizade com Bentinho e Capitu:
“Demais, as nossas relações de família estavam previamente feitas; Sancha e Capitu continuavam depois de casadas a amizade da escola, Escobar e eu a do seminário. Eles moravam em Andaraí, aonde que riam que fôssemos muitas vezes, e, não podendo ser tantas como desejávamos, íamos lá jantar alguns domingos, ou eles vinham fazê-lo conosco. Jantar é pouco, íamos sempre muito cedo, logo depois do almoço, para gozarmos o dia compridamente, e só nos separávamos às nove, dez e onze horas, quando não podia ser mais.”

Ezequiel: filho de Capitu e Bentinho, cujas feições e trejeitos semelhantes aos de Escobar levam o narrador a desconfiar de que sua esposa o traíra, e a crer que não é seu filho, mas sim, de seu melhor amigo.
“Nem só os olhos, mas as restantes feições, a cara, o corpo, a pessoa inteira, iam-se apurando com o tempo. Eram como um debuxo primitivo que o artista vai enchendo e colorindo aos poucos, e a figura entra a ver, sorrir, palpitar, falar quase, até que a família pêndula o quadro na parede, em memória do que foi e já não pode ser. Aqui podia ser e era.”

Análise crítica

A obra:
- É um conto sem cunho educativo.
- Remete o leitor a algumas passagens de “Otelo”, a obra de Shakespeare, e também aos Deuses Gregos.
- envolve temas atuais: um triângulo amoroso; a resistência do jovem a ser seminarista; a separação; a preocupação com as aparências etc.
- envolve temas atemporais: a dúvida da traição, e o sentimento de impotência perante a dúvida, o amor contrapondo-se ao ódio; o pensar na morte e no valor da vida; a solidão; a velhice, a necessidade de reparação etc.
- aborda características psicológicas do ser humano já que Bentinho foi criado sem o pai, fato que, em parte, define o comportamento do protagonista demonstrado na relação materna e matrimonial, bem como, na amizade com Escobar. Segundo o psicanalista Sigmund Freud, a relação afetiva com os pais é de grande importância para o comportamento do adulto, podendo ocasionar patologias futuras, como a neurose, muitas vezes reconhecida como o complexo de Édipo.

Os críticos: o crítico José Guilherme Merquior define o estilo narrativo de Dom Casmurro como uma obra de capítulos curtos (mini-capítulos), cujos títulos expressam o sarcasmo do autor, acomapnhando o estilo apresentado nos dois romances precedentes.
José Guilherme diz que Machado de Assis não apresenta as personagens, mas sim, denúncias. Para Guilherme, a arte de Machado é sugestionada ao máximo, carregada de humor expresso nas citações literárias, alusões mitológicas, linguagem figurada e expressões sentenciosas.
Já Barreto Filho diz que Machado de Assis vai à busca do trágico e sua visão em si se detém nas aparências das coisas. Sua arte tem a expressão — sentimento + razão — que é o ideal de Machado.
Dom Casmurro é uma contribuição brasileiríssima ao motivo básico da arte impressionista: a expressão elegíaca do tempo.
Antônio Cândido ressalta que os críticos que estudaram Machado nunca deixaram de inventariar sobre as causas do seu tormento social e pessoal, por isso, analisando o aspecto da vida intelectual, percebe-se que Machado sempre foi apoiado e aos cinqüenta anos já era considerado o maior escritor do país.

Rsl.Sz*

Iracema (José de Alencar)

O livro, subtitulado Lenda do Ceará, conta a triste história de amor entre a índia tabajara Iracema, “A virgem dos lábios de mel” e Martim, primeiro colonizador português do Ceará. Além disso,o assunto do livro é também a história da fundação do Ceará e o ódio de duas nações inimigas (tabajaras e pitiguaras). Os pitiguaras habitavam o litoral cearense e eram amigos dos portugueses. Os tabajaras viviam no interior e eram aliados dos franceses.
José de Alencar recorreu a circunstâncias históricas, como a rixa entre os índios tabajaras e pitiguaras e utilizou personagens reais, como Martim Soares Moreno e o índio Poti, que depois viria a adotar o nome cristão de Antônio Felipe Camarão. Mas cercou-os de uma fértil imaginação e de um lirismo próprio da poesia romântica.


Roteiro de Leitura

                Trata-se da história de um amor impossível entre a índia Iracema e o português Martim. Sobre a índia, o autor nos descreve a personagem dizendo “Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna...” . Era filha de Araquém, pajé da tribo tabajara, e irmã de Caubi, um bravo guerreiro e caçador de montes e florestas. Por ser filha do pajé, Iracema guardava um segredo muito importante de sua tribo, e por isso, deveria se manter fiel ao deus Tupã, guardando sua virgindade. Se alguém a possuísse, ela morreria. Sobre isso ela diz que “o amor de Iracema é como o vento dos areais: mata a flor das árvores” . O segredo de jurema era um ritual religioso da qual só os guerreiros tabajaras faziam parte (Jurema é uma árvore que dá um fruto amargo. Os índios faziam um licor com ele que tinha efeitos alucinógenos semelhantes ao haxixe, que revelavam os mais profundos sonhos de quem o bebesse).

Um dia, a índia encontra alguém na selva e julga trata-se de um inimigo que “tem nas faces o branco das areias que bordam o mar, nos olhos o triste das águas profundas...” . Atira-lhe uma flecha, mas se arrepende. “A mão que rápida ferira, estancou mais rápida e compassiva o sangue que gotejava”. E logo depois quebrou a flecha que havia lançado, já que segundo a tradição de sua tribo, o ato de quebrar a flecha, significava selar a paz entre as tribos ou entre guerreiros.
                Iracema leva-o até a tribo e Martim é muito bem recebido na cabana do pai dela, o Pajé, Araquém, com bebidas e comidas de boas vindas. Para a tribo, os estrangeiros são considerados sagrados e merecem toda hospitalidade. Ele se apresenta dizendo que habita a tribo dos pitiguaras, inimigo da nação tabajara, que fica no litoral e diz “meu sangue é o do grande povo que primeiro viu as terras de tua pátria”, numa alusão a Portugal. Iracema tinha uma jandaia, uma ave de estimação que sempre a acompanhava, mas desde que Martim apareceu, Iracema passou a não dar mais atenção a ela.
                Martim e Iracema conversam e confessam que estão apaixonados, mas que o amor deles é impossível, e por isso ele decide ir embora. Mas ela pede que ele fique e o leva até o bosque sagrado de Jurema, lhe dá o licor dos guerreiros e ele sonha, fruto dos efeitos da bebida. Os dois acabam se beijando “O lábio do guerreiro suspirou mais uma vez o doce nome e soluçou, como se chamara o outro lábio amante. Iracema sentiu que sua alma se escapava para embeber-se no ósculo ardente”.
                Porém, Iracema foge e acaba encontrando Irapuã, o chefe dos guerreiros tabajaras, que diz saber de Martim, e acaba declarando a ela seu amor. Ela o renega e por isso, ele ameaça matar Martim. O pajé era o único que poderia salvar Martim, e por isso ordena que ele espere em sua cabana: - “O hóspede é amigo de Tupã, (Deus do Trovão) e quem ofender o estrangeiro, ouvirá o rugido do trovão”. Irapuã diz que “o estrangeiro foi quem ofendeu a Tupã, roubando a sua virgem, que guarda os sonhos da jurema”. O Pajé responde em tom profético que “se a virgem abandonou ao guerreiro branco a flor de seu corpo, ela morrerá”.
                Enquanto isso, Iracema e Martim estão na cabana do pajé e ouvem o canto de uma gaivota, anunciando que o “irmão” de Martim, o índio Poti da tribo pitiguara, está por perto e veio para salvá-lo. Porém, o guerreiro branco não pode sair da cabana do pajé senão Irapuã irá matá-lo, e Poti não pode entrar na cabana porque é de tribo inimiga. Então, Iracema sugere que esperem o ritual da jurema “em que os guerreiros tabajaras passam a noite no bosque sagrado e recebem do Pajé os sonhos alegres”.
                Iracema decidiu dar a Martim o licor de jurema novamente para que ao menos nos sonhos eles pudessem ficar juntos. Porém, acabam passando a noite juntos “e como entre os arrebóis da manhã cintila o primeiro raio de sol, em suas faces incendiadas rutilava o primeiro sorriso de esposa, aurora de fruído amor... Tupã já não tinha sua virgem na terra dos tabajaras”.
                Martim e Poti partem e Iracema decide ir com eles, pois ela diz que já é esposa de Martim “o guerreiro branco sonhava, quando Tupã abandonou sua virgem, porque ela traiu o segredo da jurema”. Partem logo, pois os guerreiros tabajaras despertaram e foram atrás deles. Porém, os pitiguaras também foram ao encontro deles, e as tribos acabam se encontrando. Iracema luta ao lado de Poti e Martim contra seus irmãos tabajaras e os pitiguaras vencem. Iracema estava triste, pois “o sangue que enrubescia a terra, era o mesmo sangue brioso que lhe ardia as faces de vergonha”.
                Eles vão embora com os pitiguaras e se instalam numa praia perto do morro de Mocoripe. Iracema agora se sentia feliz porque estava na companhia de seu amado e “achara ali nas praias do mar um ninho do amor, nova pátria para o coração”. Iracema comunica a Martim que está grávida “teu sangue já vive no seio de Iracema. Ela será mãe de seu filho!”. Martim fica radiante com a notícia.               
Logo depois, Poti e Martim partem para a guerra, pois Martim prometeu ajudar seu irmão sempre que este precisasse. Ganham a batalha e, na volta, Iracema percebe que Martim sente muita falta de sua terra “teu corpo está aqui; mas tua alma voa à terra de teus pais e busca a virgem, que te espera”. Ela sente-se muito triste por não ter mais o amor total de Martim e diz que “quando teu filho deixar o seio de Iracema ela morrerá... então o guerreiro branco não terá mais quem o prenda na terra estrangeira”.
                Os dois guerreiros partem novamente para a guerra, desta vez contra os holandeses que invadem as terras pitiguaras.  Iracema fica sozinha, começa a sentir muitas dores, e por fim, dá a luz a um menino. “Tu és Moacir, o nascido do meu sofrimento”. Ela se entristece porque Martim está longe e porque quando vai amamentar, não tem leite.
Martim e Poti voltam da guerra e encontram Iracema desmaiada. “Recebe o filho de teu sangue. Era tempo; meus seios ingratos já não tinham alimento para dar-lhe.” Iracema morre, cumprindo a profecia do pai. Ao pé de seu jazigo, a jandaia que nunca abandonara Iracema, repetia seu nome. “Desde então os guerreiros pitiguaras que passavam perto da cabana abandonada e ouviam ressoar a voz plangente da ave amiga, afastavam-se com a alma cheia de tristeza, do coqueiro onde cantava a jandaia. E foi assim que veio a chamar-se Ceará...”
                Com a morte de Iracema, Martim parte daquelas terras levando o menino consigo. “O primeiro cearense, ainda no berço, emigrava da terra da pátria. Seria a predestinação de uma raça?”. Martim e Poti continuam parceiros, e Poti recebe o batismo cristão, e torna-se Antonio Felipe Camarão.


Entendo melhor o livro

Lenda escrita pelo autor em um livro divido em 23 capítulos, numa homenagem ao seu estado de origem, o Ceará, como deixa claro na dedicatória (“À terra natal, um filho ausente”). No final do livro, descobrimos que aquela terra recebe esse nome, devido ao canto da jandaia de Iracema. Em tupi, Ceará vem de cemo (que significa cantar forte, clamar) e de ara (pequena arara ou piriquito).

As características principais do livro são:
- Iracema (em guarani, significa “lábios de mel”)
- Martim Soares Moreno (Martim vem do latim Marte, o deus da guerra)
- Poti ou Antonio Felipe Camarão (bravo guerreiro da tribo pitiguara, irmão de Martim)
- Irapuã (chefe dos guerreiros tabajaras, gostava de Iracema).
- Araquém (Pajé da tribo e pai de Iracema)
- Caubi (pertencente também a tribo dos tabajaras, era irmão de Iracema).
- Pitiguaras (tribo que habitava o litoral cearense e eram amigos dos portugueses)
- Tabajaras (Tribo que viviam no interior e eram aliados dos franceses).
- Tupã (o deus do trovão)

O foco narrativo do livro é em terceira pessoa com o narrador onisciente, que participa da história no início, como se alguém lhe tivesse contado a história. A palavra Iracema é um anagrama de América, demonstrando a intenção do autor em valorizar as origens nacionais, em contraposição às imposições de Portugal.
Trata-se de um texto épico em que José de Alencar narra os feitos heróicos dos portugueses na figura de Martim e Iracema; também é transformada em heroína, simbolizando as nossas origens históricas e étnicas (Moacir simboliza o primeiro brasileiro nascido da miscigenação entre índio e português). Ela é a heroína típica do romantismo, que padece de saudades do amante e da pátria que deixou (valorização do amor e do nacionalismo).

O amor de Iracema e Martim é difícil por vários motivos:
- ela é índia e ele é branco;
- ela é a guardiã do segredo de jurema (profecia);
- ele mora na tribo dos pitiguaras, inimigos dos tabajaras;
- ele tem uma moça que espera por ele em Portugal;
- Irapuã, o maior guerreiro da tribo, é apaixonado por ela.

O autor se utiliza de lirismo e de recursos descritivos para mostrar as belezas e exaltar sua terra. Isso se fará presente, não só nesse livro, mas em grande parte das obras de Alencar. Sobre Iracema, Machado de Assis irá dizer que trata-se de prosa em forma de poesia, por causa da valorização da natureza, dos adjetivos e da linguagem. Para exaltar a beleza de Iracema, o autor a compara sempre com a natureza daquelas terras.

                Iracema foi uma obra importantíssima na literatura nacional, e a temática desse livro continuou em diversos movimentos artísticos posteriores. Na literatura, através dos poemas de Olavo Bilac (Parnasianismo) e das obras de Mário de Andrade (Modernismo), e através das músicas de Caetano Veloso (Tropicalismo) e de Chico Buarque.

A dama das camélias (Alexandre Dumas Filho)

Romance passional de Alexandre Dumas Filho, A Dama das Camélias, é considerado um clássico da dramaturgia mundial. A história caiu nas graças da platéia, ora mais elitista, ora mais popular, desde a sua estréia na metade do século XIX. Muitas linguagens apropriaram-se do texto para representações. O romance original migrou para o teatro, para a ópera e para o cinema e, daí, filmagem e refilmagens.

A obra tem flashes autobiográficos, e conta os encontros e desencontros de um amor impossível vivido por Dumas Filho, o talentoso filho ilegítimo de Alexandre Dumas, célebre pelas aventuras dos Três Mosqueteiros. Dumas Filho soube dramatizar suas experiências, agregando fabulações do popular à requintada e frívola vida da elite burguesa, criando um melodrama clássico na história do teatro. Desde a estréia, A Dama das Camélias ficou num meio termo entre o drama romântico apresentado na Comédia Francesa para a elite e os melodramas apresentados para a massa nos teatros de boulevards.

A tradicional Dama das Camélias conta a história de uma elegante cortesã francesa, em meados do século XIX, que encanta Paris com sua beleza, suas artimanhas no amor e no sexo, sua vida luxuosa e perdulária, mantida por ricos progenitores da emergente burguesia urbana. As mulheres “teúdas e manteúdas” eram a vaidade em vitrine dos senhores proprietários. A Dama das Camélias e Armand vivem uma grande paixão impossível pela segregação social da sociedade burguesa classista. O pai de Armand trama a separação e convence a Dama das Camélias que aquela relação é uma ruína para a família e para o futuro do filho. A Dama comove-se. Num ato de nobreza incomum, renuncia a Armand e, resignada com seu infortúnio, fica reconhecida, pela sociedade, como a cortesã mais honesta, humana, e guardiã da falsa moral burguesa.

Na peça de Dumas, em cinco atos divididos em episódios, a pressão é social: ela não pode ficar com um homem de família nobre. Essa cortesã é inspirada em uma mulher real, exercendo até hoje um fascínio em todo o mundo. No fundo, é um livro moral, apesar da temática ousada ainda hoje. A personagem não tem máscaras. Vive à custa de homens. Mas é transformada pelo amor.

Com um sentimento verdadeiro, encontra forças interiores para se redimir como pessoa. A discussão moral e ética do livro é, enfim, resumida pelo sentimento do autor, que norteia todo o romance: se Jesus perdoou Maria Madalena, por que não podemos perdoar as mulheres como elas?

O narrador do romance é o confidente de Armand Duval, que o conhece quando Marguerite já está morta. Esse narrador cede a palavra a diversos outros personagens, que se incumbem de reconstruir o passado dos amantes. A narrativa é composta não linearmente pelos sucessivos relatos de Armand, pela reprodução das cartas escritas pelo casal e pela apresentação do diário dos últimos dias da cortesã, finalizado por sua amiga Julie Duprat.

Existe uma ironia velada na história, parcialmente autobiográfica, que pode ter sua origem na mágoa do autor: Dumas Filho (Armand, na peça) amou na vida real essa mulher e quis contar de alguma forma como foi esse amor. Seu senso de justiça social, sua necessidade de proteger e salvar a Dama das Camélias remete às suas relações paternais/maternais conflituosas. Por outro lado, na relação amorosa de Armand, pode-se caracterizar um tipo especial de escolha de objeto feita pelos homens: o “amor à prostituta”, que pode variar “dentro de limites substanciais, do leve murmúrio de escândalo a respeito de uma mulher casada que não seja avessa a namoricos, até o modo de vida francamente promíscuo de uma cocotte ou uma profissional na arte do amor”.

O mito central de A Dama das Camélias “não é o amor, é o reconhecimento: a Dama, Marguerite, ama para ser reconhecida e, a esse título a paixão provém inteiramente de outrem”. As encenações, os conflitos, os equívocos e as vilanias que popularizaram a Dama não são de ordem psicológica, são, sim, sintomas do corpo social, são duas paixões de zonas diferentes da sociedade. O amor de Armand é o tipo de amor burguês, segregativo, apropriativo. O amor da Dama é o postulado de ser reconhecida, que culmina quando renuncia a ele, ou “assassina a paixão de Armand”, para eternamente ter o reconhecimento do mundo dos senhores.

A Dama das Camélias morre no final do romance, mas quando Armando fica sabendo já é tarde demais.